"As ótimas referências que trouxe do instituto Hallays-Dabot tinham contribuído para que eu conseguisse um "quarto de pensão" no liceu São Luiz.

Fui para lá nestas condições, depois das férias, isto é, em outubro de 1829. Tinha completado onze anos. 

O provedor do liceu era o abade Ganser, homem calmo, grave, meditativo, paternal com seus alunos.Fui admitido  logo na sexta classe. Tive a felicidade, desde o começo, de ter como professor aquele que eu mais estimaria durante todo o meu tempo de estudos, o meu querido e venerado mestre e amigo Adolfo Régnier, membro do Instituto, preceptor e amigo de monsenhor, o conde de Paris.

Nunca fui mau aluno e meus mestres geralmente me estimavam, mas era desatento, quase leviano e muitas vezes fui punido devido à minha distração, mais comum no estudo que na classe.

Disse que entrara no liceu São Luiz com "um quarto de pensão", isto é, pagava quarta pate a menos no preço da pensão. Competia-me conseguir com boas notas de comportamento e de estudo, libertar minha mãe do preço do colégio, alcançando gradativamente a "meia pensão", depois os três quartos, até "pensão inteira".

Adorava minha mãe; para mim a maior felicidade seria ajudá-la com a aplicação, e esta idéia não deveria sair de meu pensamento. Mas infelizmente não conseguia domar a minha índole distraída! Por mais que fizesse ela galopava...e minha imaginação lá se ia longe, muito longe. "

- Charles Gounod, no livro "Memórias de Gounod".
(Atena Editora; 1ª Edição [1939]